A MENINA QUE FAZIA NEVAR – IMPRESSÕES SOBRE A OBRA

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Autora do premiado A menina que fazia nevar, a jovem escritora galesa Grace McCleen estudou literatura inglesa na Universidade de Oxford e realizou um mestrado em York antes de se mudar para Londres e se dedicar integralmente à escrita e a música.  

 

Grace McCleen by Tom York
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Por considerar a escrita um processo “difícil”, que conduz o escritor a estados mentais “estranhos”, o que a deixa “muito mal”, Grace McCleen chegou a considerar a hipótese de apenas dedicar-se à música, abandonando a profissão de escritora. Alegra-me, por isso, a notícia recente da publicação de seu segundo romance (The professor of poetry, ainda sem tradução no Brasil), o que significa que ela não desistiu da palavra escrita. Alegrem-se comigo os amantes da boa literatura, pois seria um pecado a jovem escritora Enterrar o talento que demonstrou em A menina que fazia nevar.
Fisgada pela sinopse da obra, divulgada pela editora, tratei logo de encomendar o livro e li-o rapidamente, coisa de umas três noites antes de dormir, pois a história é cativante e tudo que não se quer é fechar o livro.
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MCCLEEN, Grace. A menina que fazia nevar.
 Tradução Renato Prelorentzou. – 1ª ed. – São Paulo: Paralela, 2013.
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A história de A menina que fazia nevar é narrada por Judith McPherson, uma menina de dez anos de idade, órfã de mãe, criada numa atmosfera profundamente religiosa que molda sua visão de mundo. Intimidada na escola em virtude de sua crença, Judith encontra consolo em sua “Terra Gloriosa”, uma maquete criada por ela com objetos encontrados ao acaso, inspirada na Jerusalém restaurada após o Armagedom e o fim de todas as coisas conhecidas.
Temerosa de ser afogada na privada da escola por Neil Lewis, um colega que a persegue, Judith deseja intensamente uma tempestade de neve a fim de evitar esse encontro desagradável. Assim, após espalhar creme de barbear sobre a maquete, deixando-o submersa na “neve”, a menina acredita no milagre quando uma nevasca surpreende a cidade em pleno outono, obstruindo todas as ruas:

 

… a fé é igual a imaginação. Ela vê uma coisa onde não há nada, dá um salto e de repente você está voando. (p. 37).
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Milagres não têm que ser grandes e podem acontecer nos lugares mais improváveis. Às vezes são tão pequenos que as pessoas nem percebem. Às vezes os milagres são tímidos. Ficam puxando as suas mangas, esperando você percebê-los, e depois somem. Muitas coisas começam bem pequenas. É um jeito bom de começar porque ninguém nota. Você é só uma coisinha perambulando, cuidando da própria vida. Aí você cresce. (p. 61)

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O que Judith tem  que decidir é se o poder que descobre em si pode ser usado para se vingar de Neil Lewis e se as consequências de tal ato podem ou não ser controladas.

A trama na qual se inserem as personagens é possível porque a personagem principal é também a narradora e é sob sua ótica de menina de dez anos que são compreendidos os acontecimentos.

O romance A menina que fazia nevar é um misto de profundidade e leveza, tensão e ternura, a ponto de ser ele mesmo, como considera o Daily Mail, “um pequeno milagre”.

Além da poderosa mensagem de esperança e reconciliação presentes na obra, considero-a delicada e esplendorosa, terna e magistral. Razões mais que suficientes para indicá-la aqui.
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Beijo&Carinho,
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Convido os amigos que me visitam a darem uma olhada no belo post que o João Antônio, o Vô Tônico, fez sobre  a minha poesia. Aqui.
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MAIS PUBLICAÇÕES

Respostas de 42

  1. Ju,
    Eu vi esse livro no site da Companhia das Letras e também me encantei com a trama. Mas ainda não tenho ele. A história é mesmo fascinante. E pelo que vc fala é leve, já que é contada pela menina! E a capa brasileira é linda demais!!!
    Beijos
    Adriana

  2. Oi Jussara,
    Fiquei com muita vontade de ler o livro.
    Linda a capa do livro, criativa!
    Vou procurar…
    Assim que li o título me lembrei que estou com 'A menina que roubava livros' com leitura atrasada para começar…
    Li tantas coisas boas e ruins, que acabei deixando por último, você já leu?
    bjs

    Em off e em on rs: tenho uma pastinha virtual lotada de ideias para o Natal, e uma real bem gordinha, tudo para ser feito.
    Daqui a pouco o que sobrou do tempo, desaparece…

  3. Oi Jussara,
    Adorei a resenha. Ainda não li este livro. No momento estou enfrentando o livro "Catarina, A Grande", que tem mais de 600 páginas, mas é maravilhoso.
    Aproveite o final de semana!
    Bjs

    GOSTO DISTO!

  4. Oi linda como me alegra sua visita …
    Bem , vocë escrevendo a respeito de algum assunto ou seus contos pessoais me encantam , fiquei táo curiosa por este livro .
    Me recordei de uma historia que meu companheiro me conta ainda quando menino .
    Amei !!
    Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre. Albert Einstein

    Beijinhos
    Deus abençõe
    Aos pouquinhos estou retornando !!!

  5. Olá Jussara, que saudade ! Adorei a matéria, já anotei e vou a minha livraria favorita pedir este livro; estou acabando de ler um lindo também, tenho mais dois na lista de espera e este será o próximo. Obrigada pela dica, tenho certeza que será mesmo uma leitura muito agradável ! Feliz semana nova, cheinha de paz junto dos seus, bjkkk

  6. Oi Jussara, é a Vi, como é bom ter fé! atravessar o deserto não é facil, para ser peregrino em terra estranha, só sendo sustentado por uma força que vem do Alto.
    Amei a sugestão.
    Muitos beijos,Vi

  7. Não conheço a autora, mas as suas considerações deixaram-me muito curiosa. Vou procurar o livro.
    O mundo visto por uma criança só pode ser maravilhoso.
    Um abraço querida Jussara, e uma doce semana (volte depressa)
    Ruthia d'O Berço do Mundo

  8. li muitos livros de Mary Higgins Clark.
    mas no momento estou apaixona por Camilla Läckberg.
    amo os seus livros.
    te aconselho a princesa de gelo, se voce gosta deste genero voce vai amar esse livro.

    bacione

  9. Jussara… será fotos com musica ao fundo, um slide.
    estou com dificuldade em escolher a música. aceito sugestões. rsrs.
    Pensei em Fascinação na voz de Elis mas ao mesmo tempo acho meio que devagar.
    me ajuda vai. rsrsrs
    bjus.

  10. Oi Jussara, querida

    Deve ser lindo esse livro, só pelo resumo, já deu pra sentir.

    Parabéns pela linda homenagem do Vô Tonico, fui lá, lí suas poesias e adorei tudo.

    beijo carinhoso

    Regina Célia

  11. Minha mais nova amiga, expert em resenhas sempre nos recomendando bons livros, nos informando de antemão que vale a pena adquirí-los. Aprecio demais histórias que contenham muita ternura e leveza. Instiga-me a ler "A menina que fazia nevar"
    Fui lá no Vô Tonico e nem tenho palavras para dizer como fiquei encantada com a sua poética.

    Tem muita musicalidade , pureza e leveza já neste primeiro verso com gosto e saudade de infância.

    Me desço e me subo
    ladeira que eu sou
    me dispo, me busco
    mineira – eu vou

    Volto para ler com todo o carinho que o seu trabalho merece.
    Bjos.

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