CRÔNICA DE NATAL

. O som de cantos natalinos alcançava e dissipava meus sonhos. A cama estranha que acomodava de improviso os primos que caíam sonolentos – nossos pais ceavam – nem rangia com a minha saída, os pés descalços e os olhos a tentarem se ajustar à claridade fora do quarto. No canto da sala a árvore […]
CINDERELA – MINICONTO

… CINDERELA.. Fazia o serviço da casa todos os dias a invejar as ladies dos romances, que tinham três criadas para lhe desabotoarem os vestidos. Inconformada com sua sorte, comprou uma varinha mágica, uma abóbora e alguns ratos e foi para o quintal se transformar numa princesa. . . Atualização: A imagem aqui utilizada substituiu a figura […]
“CHÁ DAS CINCO”, POEMA DE JUSSARA N REZENDE

. Quando minha bela Ângela ainda um bebê risonho, fiz-lhe uns versos após uma gostosa brincadeira de casinha. Nunca mais os retomei e agora os publico na esperança de que a ingenuidade alegre que os fez nascer compense a falta de maiores recursos técnicos que o ritmo mal e mal marcado. . . . . A verdade é […]
POEMA PARA AS MÃES

. . . . . Eu saí de suas entranhas ela adivinha meus projetos mais secretos: aconselha como se não e espera meus acertos e me ama nos meus erros. Mãe é uma espécie de Deus. . . . Beijo&Carinho, . . . . .
POLTRONAS DE LEITURA E MEMÓRIAS

. . . Quando eu era menina, as casas de parentes mais velhos – tios e tias de meus pais – ou amigos de meus avós, com os quais eu não estava muito familiarizada, atraíam-me como, hoje, as paisagens inexploradas. . . . Via . . . No quintal de uma delas havia […]
AMANTES DE LIVROS: CORTESES E PASSIONAIS

. . Minhas memórias mais remotas levam-me a uma casa pequena e ao aconchego de estar entre meus pais, recostada a eles e aos travesseiros. Liam-me histórias que me encantavam pelas peripécias e pelo colorido das ilustrações. Passados muitos anos, ainda lembro o enredo da maioria delas e a imagem de suas personagens está fotografada […]
A PERCEPÇÃO DA NUANCE

. . Punham-me para dormir na sala do pequeno apartamento, num edredom dobrado onde também dormia meu irmão. Éramos crianças e visitávamos nossos tios em São Paulo. Meu irmão, mais novo que eu dois anos, dormia logo e nem imaginava as agruras pelas quais eu passava acordada sendo vigiada pela Mona Lisa. Sim, refiro-me a […]
AMAR E SER AMADO

. . Um erudito perguntou-me certa vez o que me parecia mais desejável, amar ou ser amada. Eu não tinha todo o tempo do mundo para pensar e minhas poucas e frustradas experiências amorosas me fizeram responder rapidamente: “Ser amada”. – “É isso o que pensam os intelectuais?” – perguntou ele sem se preocupar em […]
UNS BRINCOS

. . Quando minha avó morreu, meu pai estava com ela. Ele fechou-lhe os olhos enquanto os seus ficavam cheios de lágrimas, o que os deixou momentaneamente mais verdes. Antes de deixá-la, sabendo que viriam preparar seu corpo para o sepultamento, tirou-lhe os brincos e colocou-os automaticamente no bolso, o coração traspassado, na garganta um […]
GRAMINHAS NA CALÇADA

. . No meu tempo de colégio eu percorria um longo trajeto a pé para assistir às aulas. Talvez por isso fosse tão magrinha, talvez por isso tivesse tantas imagens com que ocupar o pensamento quando as aulas eram más: a camada fina de geada sobre os carros que passavam a noite ao relento, os […]