O HÓSPEDE

. Eram muitos quilômetros a serem percorridos, a pé ou em lombo de mula, entre um povoado e outro. Às vezes a noite surpreendia o caminheiro ainda longe do seu destino, no meio do nada. Uma fumacinha distante indicava uma casa perdida em meio aqueles ermos, a claridade do fogo a reluzir todo o pequeno […]

ARTES NA VARANDA

. Na tarde escaldante revisito, pela memória, outras tardes, mais amenas, embora também ensolaradas… A sala ampla de Dona Néia Alvim abria-se para receber minha mãe e eu. Minha mãe ia receber aulas de crochê e eu lhes fazia companhia, ainda sem entender a mágica de fazer nascer renda das próprias mãos. Mais tarde, na varanda de Dona Lúcia Paiva, amiga […]

CRÔNICA DE NATAL

. O som de cantos natalinos alcançava e dissipava meus sonhos. A cama estranha que acomodava de improviso os primos que caíam sonolentos – nossos pais ceavam – nem rangia com a minha saída, os pés descalços e os olhos a tentarem se ajustar à claridade fora do quarto. No canto da sala a árvore […]

CADERNO DE DESENHO

. O grosso caderno de capa verde e páginas numeradas, que meu avô deu à minha mãe, lembra um livro de atas, embora seja essa apenas uma primeira impressão. Nele não há pautas e não consigo imaginar a que fim estaria destinado antes que minha mãe o transformasse numa espécie de álbum que hoje reúne os desenhos a […]

CHAPÉU E LENÇO

. Meu avô paterno era um grande contador de casos. Como viveu a maior parte da vida em cidades interioranas de Minas e Goiás, a origem de seu rico repertório de situações vividas/ouvidas sempre foi para mim um autêntico mistério. Onde aconteceu? Quando? Com quem? Tais questões, repetidas ao longo dos anos, nunca encontraram respostas. […]

LIVROS E BORDADOS

. Entre as imagens mais antigas registradas em minha memória estão os paninhos bordados pela minha mãe, que ficavam sob o abajur, sob a travessa de louça, sobre a mesa e sobre o fogão, e a pilha de livros infantis que, espalhados sobre a cama, contados e recontados, faziam-me tão feliz. Tenho a maior parte desses livros ainda hoje, […]

SER MINEIRO É…

. “Mineiro Mineral” . . Minas Gerais não é apenas um rostinho bonito! É um “ali” quase infinito Que vai de onde as vistas alcançam até onde os pés cansam. Mineiro de raiz sabe onde não deve meter o nariz. Desconfiado por natureza, se não sabe não diz. Em seu silêncio, observa e medita, Finge que […]

TEMPERO BOM MINEIRO FAZ

. Coloco sobre a bancada da cozinha os ingredientes para o preparo do almoço. É feriado e a manhã gelada faz desejar o aconchego da cama e do livro abandonados. O cheiro do tempero, entretanto, a se espalhar pela carne, depois pela cozinha, pelo quintal, pela casa, tira-me momentaneamente da manhã fria e leva-me a qualquer canto do passado, a […]

POEMA PARA AS MÃES

. . . . . Eu saí de suas entranhas  ela adivinha meus projetos mais secretos: aconselha como se não e espera meus acertos e me ama nos meus erros. Mãe é uma espécie de Deus. . . . Beijo&Carinho, . . . . .

“UM DIA FRIO, UM BOM LUGAR PRA LER UM LIVRO”

. . . Desde muito menina meu conceito de um dia perfeito incluía chuva e livros.  Sabendo disso, meu filho previu meu amor pela música Nem um dia, do Djavan, mal havia ela sido lançada: “Um dia frio/ Um bom lugar pra ler um livro…”. A filha, por seu lado, enviou-me a imagem abaixo, recolhida […]

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