P. J. Ribeiro é um escritor irreverente. Por isso, se ele diz que seus poemas são educados, desconfie. Há sempre mais a ser lido em seus breves versos do que pode inicialmente parecer:
Câmara de Vereadores
Câmeras nos Elevadores.
Brevidade e ironia são os ingredientes do escritor para recontar a vida que é tão acre, às vezes, tão ferina quanto alguns de seus versos, diretos na exposição da dureza do existir (como ser educado a partir dessa gênese?), mas guardando sempre, nas dobras de seus questionamentos (“Afinal, amar é débito/ ou crédito?”), momentos de inesperado lirismo:
Céu embaçado
Nuvens carregadas de significados
Luz fugidia
Paisagem de prata.
RIBEIRO, P. J. Poemas educados. Cataguases, MG: Do Autor, 2018, 89 p.
O Autor, P. J. Ribeiro
A brevidade que caracteriza o autor pode ser encontrada também em seus minicontos, que são realmente muito curtos, às vezes com pouquíssimas linhas, mas que, apesar disso, focalizam a natureza humana em seus conflitos diante do amor, do erotismo, da finitude e de outras inquietações que permeiam nossa existência neste mundo. Apesar da densidade temática, sua linguagem é extremamente simples e seu tom é sempre irônico e provocador – já que a própria existência é quase sempre uma provocação – o que convoca o leitor a um novo olhar sobre tudo aquilo que o rodeia.
Beijo&Carinho,
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Crédito da imagem em destaque, aqui.
Uma resposta
Jussara, que postagem bacana e justa. Assino embaixo de tudo o que você falou. Muçito bonita a página, além de tudo. Abraços, Joaquim Branco