CADERNINHOS DE NOTAS OU MOLESKINES

Não saio de casa sem um livro na bolsa. Isso me livra do estresse em filas de banco, salão de beleza ou consultório médico. Enquanto as pessoas se desesperam com qualquer sinal de demora, eu mergulho no enredo que me aguarda e nem me dou conta do mundo ao redor. Claro que levo um livro pequeno, ainda que em casa eu esteja a ler Em busca do tempo perdido ou Ulisses.

Pequeno é, também, o caderninho de anotações que segue junto. Nunca se sabe quando a inspiração vai exigir registro e, na dúvida, é bom ter por perto papel e caneta. Eu tenho. Já tentei anotar no tablet… anoto, às vezes, mas só o fato de escrever, vertendo tinta, parece capaz de conferir um sentido maior ao escrito, além de facilitar a memorização.

Claro que vez por outra o registro no caderninho acaba sendo o de um endereço ou telefone e até mesmo uma pequena lista de compras, mas versos iniciais de um poema e até mesmo poemas inteiros já nasceram nesses pequenos blocos de papel, assim como ideias para crônicas, contos, aulas e projetos.

São aliados da criatividade esses caderninhos, chamados também de moleskines por causa da marca de cadernos de notas produzidos pela empresa italiana Moleskine SRL. Confeccionados em capa dura, têm os cantos arredondados e uma tira de elástico que serve para mantê-los fechados ou abertos em determinada página. Além disso, têm a lombada costurada, o que permite que fiquem abertos a 180 graus, garantindo uma superfície plana ao escrever.

Depois que o romancista e escritor de viagens inglês, Bruce Chatwin, descreveu com brilhantismo os cadernos que usou, como escritor, os moleskines entraram na moda, muito embora os que encontramos hoje com facilidade no mercado sejam versões similares, não descendentes diretas da marca italiana.

A questão é que os moleskines são pequenos e cabem em qualquer bolso de camisa, o que foi desde sempre um atrativo para escritores e artistas plásticos ansiosos por arrolarem ideias inspiradas e inspiradoras. Consta que Van Gogh, Matisse e Picasso deles se utilizaram, assim com André Breton, Louis Férdinand Céline e Hernest Hemingway.

Aqui no Brasil é conhecida a história de Guimarães Rosa que, quando ainda era médico e viajava pelo interior de Minas recebendo como pagamento queijo ou galinha, levava um caderninho onde anotava o falar do povo dos diversos lugarejos por onde passava, o que gerou um extenso vocabulário mais tarde utilizado em sua obra.

Diante disso, ter um moleskine à mão passou a ser, para o escritor moderno, uma espécie de certificado de sua autenticidade como artista, muito embora a referência a tantos nomes famosos do passado, que o utilizaram, funcione para alguns como um inibidor da escrita, pois pode suscitar a ideia de que só pensamentos geniais devem ser ali impressos.

Quando eu era mais perfeccionista do que sou hoje eu poderia me preocupar com isso, mas atualmente, como já confessei acima, não me importo nem um pouco de misturar inspiração

e lista de supermercado ou farmácia. Se a minha vida é uma mistura de tudo isso, por que razão meu moleskine não pode ser disso a expressão?

 

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Beijo&Carinho,
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Nota:
Fique atento(a) ao próximo post… vou sortear 3 moleskines inspired (similares) e 3 exemplares do livro de poemas Breve lua, de minha autoria. Serão 3 ganhadores… Espero você!

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Respostas de 32

  1. Para além da abundante referência ao moleskine,registei, pela positiva, o seu apreço pela leitura de Marcel Proust, que há alguns anos preencheu as minhas horas de leitura. E, espontaneamente, sorri com agrado.

    Um beijinho, Jussara 🙂

  2. Também não saio de casa sem um livro.
    Mas levo o que estou lendo no momento.
    Gostei da ideia do caderno de anotações.
    Não uso, e já aconteceu de de perder uma idéia porque não anotei.
    Vou adotar essa ideia.

    Baci

  3. Que delícia são seus textos!…
    … E adorei… Faço rascunhos em vários papéis, o que pode resultar em dores de cabeça posteriores (rsrs)…
    Sim, somos uma mistura de tantas coisas!

    Beijos =)

    1. Que elogio gostoso de receber! Obrigada, Nadine!
      Sim, sempre que faço rascunho em vários papéis acabo por perder algum e a me confundir depois, rs.
      Abraço! Feliz por tê-la aqui!

  4. Oi Jussara, eu nunca tive esse costume de anotar as coisas, acho que é relaxo e acabo perdendo algumas informações, as vezes quero me lembrar de algo que gostei e fico tentando puxar pela memoria, se tivesse anotado, não teria esse problema.
    Amei suas informações.
    Beijos,Vi

  5. Ótima dupla: material para leitura e material para anotações!
    Nestes tempos em que vivemos, o maior desafio para mim, no momento, é me manter conectado comigo mesmo e meus pensamentos, para não me perder de mim, como tem se tornado cada vez mais frequente por aí…
    Tenho andado com uma pequena agenda, mas o resultado não tem sido dos melhores. Escrevo uma boa semente literária e, tempos depois, na hora de procurá-la para cultivá-la, dá um trabalho danado achá-la.
    Um caderno só para as as especulações e inspirações existenciais torna o processo criativo mais fácil e eficiente. Vou adotar este hábito!

    1. Eu criei este blog justamente para não me perder de mim, Sylvio… e olha que tem sido um desafio mantê-lo, tantas são as solicitações da vida moderna!
      Que não nos percamos de nós mesmos, meu amigo!

  6. Oi Jussara, antigamente tinha o costume de levar um pequeno livro com o tempo perdi o hábito.Seu texto me reanimou estou indo colocar um livro em cada bolsa e quanto ao caderno de anotações tenho um sem o elástico; mais também não ando com ele.
    Adorei a dica!
    Um ótimo finde e beijos.

  7. Boa noite, Jussara, também não saio de casa sem um livro e uma agenda em que anoto tudo, não conhecia o moleskine!
    Aprendendo muito com você, sou imensamente grata e vou ficar muito feliz se ganhar o seu livro…
    Tenha um excelente final de semana, abraços carinhosos
    Maria Teresa

  8. Boa tarde, colega Jussara!
    Também tenho um caderninho para anotar idéias, pensamentos, curiosidades que sejam úteis e mereçam ser registradas. Super bacana essa tua postagem. 🙂
    Ei, moça!
    Tem postagem nova em "GAM Dolls (2)". Que tal passar por lá pra conferir, hein?
    Ficarei feliz com tua simpática visita e teu comentário, sempre tão importante para mim.
    Tenha um lindo fim de semana.
    Abraço pra você! 🙂

  9. Oi Jussara,
    Gostei em saber as origens do Moleskine e suas históricas ligações literárias e artísticas. Já usei muitas cadernetas pros mesmos fins que vc. Hoje, em dia, me apartei da prática, mas estou motivada a retomá-la depois deste teu interessante post.

    Bela semana aí.
    Bjo,
    Calu

  10. Não saio nunca sem meus cadernos de anotaçções. Tem no carro e na bolsa. A inspiração sempre bate e se eu não anotar na hora, a oportunidade é perdida.
    Tenho também na cabeceira da minha cama, pois nas noites de insonia, ou num sonho minhas inspirações precisam ser registradas. Um beijo Ju, boa semana

  11. Oi Jussara,
    Eu tenho um moleskine do lado do notebook, pois sempre que algo me interessa, faço uma anotação. Na rua, troquei o moleskine por um tablet, pois nele, além de um bloco de anotações, teno também os livros que estou lendo.
    Bjs

    1. Tentei substituir o moleskine por um tablet e até o usei por um tempo, mas acabei voltando para o moleskine. Eu funciono melhor com papel e caneta, não tem jeito.
      Abraço!

  12. Também acredito que o facto de escrever com tinta, ver as palavras com a nossa letra pessoal, dão outra dimensão à escrita.
    Também tenho alguns caderninhos, alguns não tão charmosos como esses moleskines, e encontro muitas misturadas deliciosas lá no meio. Listas de compras incluídas.
    Abraço, uma linda semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo

  13. Pois é Jussara, quando vem uma inspiração o bom mesmo é ter onde escrever os esboços. Já me aconteceu isto de não ter onde escrever a ideia que brilhou. Depois comecei a usar o ícone Notas do celular que dá para escrever os pontos de inspiração.
    Este caderninho é uma boa ideia.
    Meu terno abraço

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