“PRECE A UMA ALDEIA PERDIDA”, DE ANA MIRANDA

Há tempos não lia um livro que, ao final, desejasse ter escrito. Prece a uma aldeia perdida veio saciar essa fome de poesia, beleza e perfeição textual que sempre me persegue. E foi por puro acaso que o encontrei numa banca de livros em oferta, num shopping.

O que me levou a folheá-lo foi o nome da autora, Ana Miranda, escritora premiada, traduzida em vários países, que eu já conhecia de leituras anteriores. O que me levou à compra, entretanto, foi o fato de se tratar de poesia – amo demais e acho difícil encontrar atualmente poetas que de fato me agradem.

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(Record: Rio de Janeiro/São Paulo, 2004)
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Todos escritos em versos redondilhos maiores (de 7 sílabas métricas), os poemas dessa obram soam de modo uníssono como os antigos romanceiros de um tempo antigo, fins da Idade Média…  ou mais próximos de nós no espaço-tempo, como o Romanceiro da Inconfidência, de

Cecília Meireles ou Contemplação de Ouro Preto, de Murilo Mendes, numa dicção profunda e, acredito, intencionalmente mineira, muito embora a autora tenha nascido, vivido e viva em outros estados.

Duas vozes se alternam no livro, uma masculina e outra feminina, a refletirem sobre a passagem do tempo, o amor, a fé, a vida rotineira e simples e a própria poesia.

No que é dito, e na doçura com que é dito, percebem-se ecos da melhor poesia brasileira e a contribuição de grandes escritores, como Drummond.

Luciana Villas-Boas, ao comentar a obra, afirma que

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(Trecho do texto da orelha)

 

Só posso concordar com ela.

Já afirmei que gostaria de ter sido eu a escrever esse livro, o que me dispensa de recomendá-lo mais, não é mesmo? Mas só lendo mesmo para sentir a referida doçura de seus versos, a boniteza, a perfeição desse trabalho de Ana Miranda. Eu amei!

Alguns dos trechos que grifei no livro:

 

 

 

 

 

 

 

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 Sobre a autora
(Nota da orelha)
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Observação: A foto em destaque, gentilmente cedida pela autora, foi feita em Drave, conhecida como aldeia mágica e desabitada desde 2000. Segundo a Ana, do Anantique – coisas com alma, essa aldeia fica aninhada entre as Serras da Freita, Serra de São Macário e Serra da Arada, concelho de Arouca, Portugal. Para saber mais e ver as belas fotos que a Ana fez de Drave, consulte a sua postagem, justa e coincidentemente chamada “Drave, a aldeia perdida”.
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Beijo&Carinho,

 

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Respostas de 22

  1. Jussara,
    O livro foi, realmente, um achado! Versos fortes e profundos
    Assim como a marcha do mundo,
    Assim como um sonho de paz.
    Eu acho um tantinho a mais,
    Por descobrir nesses versos,
    Alguém que, agora, confesso,
    Afeiçoei-me por demais!

    Esses são meus singelos versos para celebrar mais essa novidade, amiga! Não conhecia, mas vou procurar saber sobre a Ana Miranda! Muito obrigada!
    Abraços,
    Drica.

  2. Querida Jussara uma comovente crítica profissional de um livro de poesia que transcendeu o olhar crítico e fica o encantamento dos trechos que fui lendo e querendo não , terei de repetir esta leitura por mais vezes, ainda não sei se a entendi, mas que é bela, isto é dá uma vontade de decorar para dizer assim, quando se está triste, quando se está alegre…obrigado por compartilhar querida Jussara, vou procurar esta fantástica escritora Ana Miranda.
    ps. Carinho respeito e abraço.

  3. Oi, Ju,

    Gostei demais dos versos apresentados neste post. Vi que dois deles falam do tempo, que é algo que sempre me fascinou: "Corre o sonho, corre o instante…". E: "A vida seria sem graça,se tudo permanecesse, se o tempo não percorresse.." Conheci os textos da Ana Miranda no jornal daqui da cidade, pois ela tinha coluna nele, no fim de semana. Por isso eu comprei dois dos livros dela, cujas resenhas eu já havia lido nas mídias da vida, o Dias e dias e Boca do inferno. Mas eu ainda não li nenhum deles. Agora descubro que ela também escreve poemas. E bem do tipo que eu aprecio! rsrs. Obrigada pela dica!

    Um beijo

  4. Jussara, estou certa de que o livro todo é encantador pela amostra que nos permitiu saborear. Admito também que suas análises me fascinam ao citar a métrica, o eu-lírico, o tom dado ao poema. Sou sua fã.

  5. Oi Jussara, é a Vi, se você desejava ter escrito, é porque é bom.
    Eu que não entendo nada, cada vez que venho aqui aprendo algo, por exemplo, redondilha.
    Amei os versos.
    Não consegui comentar no outro post do xadrez, mas não é de estranhar que uma pessoa com seu talento seja reconhecida.
    Muito sucesso.
    Beijos,Vi

    1. Vi, querida, muito obrigada pelo elogio!
      Fiquei feliz que tenha aprendido sobre as redondilhas! São os versos mais populares que existem e também os meus preferidos 🙂
      Grande abraço!

    1. Fico feliz que tenha se interessado, Sylvio. Minha mãe leu, sem ter lido meu comentário, apenas com minha indicação "de boca", e gostou também. Estou certa de que você será mais um!
      Abraço!

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