Num mundo em que se compartilham informações, receitas, frases e poemas numa rapidez jamais imaginada, creio não haver mais lugar para aqueles cadernos que colhiam pensamentos e dedicatórias de amigos e colegas de escola e que circulavam de mão em mão até que todos tivessem deixado uma mensagem.
No meu tempo de colégio ainda havia disso e mais de uma vez me vi escrevendo para alguma colega algum pensamento significativo que, passados anos, a fizesse se lembrar de mim com afeto.
Não seria interessante se com o tempo – e o sucesso e/ou a fama de algum desses colegas –alguma daquelas assinaturas, ali depositadas tão despreocupadamente, passasse a valer como autógrafo?
Pois foi justamente isso que aconteceu com um poema de Fernando Pessoa, recém-descoberto em um desses cadernos de pensamentos.
Esse caderno pertenceu a José Osório de Castro e Oliveira, intelectual português. No entanto, quando tudo começou, ele era apenas um garoto de 13 anos, em um navio que fazia a travessia Rio-Lisboa, que pedia aos passageiros que lhe deixassem escrita alguma mensagem. Era 1913. Cinco anos mais tarde, já instalado o Modernismo em Portugal e tendo o caderno continuado a servir ao seu propósito inicial, José Osório, então com 18 anos, encontra-se com Fernando Pessoa e lhe pede que lhe escreva algo. Acabou ganhando o poema.
Com o tempo esse caderno caiu nas mãos de um alfarrabista (dono de loja de livros usados, em Portugal) que o vendeu ao bibliófilo brasileiro José Paulo Cavalcanti Filho. O que o alfarrabista não sabia, porém – e que o teria levado a cobrar três vezes mais pelo caderno de autógrafos – é que o poema ali grafado era inédito, coisa que nem o dono do caderno, em sua época, chegou a saber.
A história do caderno e desse poema inédito apareceram no jornal Folha de São Paulo do dia 12 de junho, juntamente com a transcrição do poema, sob o título “Cada palavra dita é a voz de um morto”.
Embora Fernando Pessoa seja meu poeta preferido, não cheguei a gostar do poema encontrado no caderno, mas a história de seu percurso é interessante demais, por isso quis partilhá-la aqui.
O poema:
Respostas de 31
Que engraçado.
Gostei de ler 🙂
Blog LopesCa | Facebook
Bacana, né?, os caminhos que que o poema percorreu até ser dado à luz!
Oi Jussara,
quem não teve um caderno destes? O meu tinha capa de madrepérola cor de rosa.
que viagem fez este poema até ser descoberto. Não é o melhor de Fernando pessoa, mas é um Fernando Pessoa.
Bjs
gosto-disto
Realmente muito interessante a viagem do poema, Betty, tanto que gostei muito mais dela que do poema, rs.
Oi Jussara interessante este poema num livro de recordações. E bem me lembro desta fase escolar dos livros de recordação.
Gostei de saber da historia e do poema em si.
Carinhoso abraço.
Que bom, Toninho, fico feliz. Muito bom tê-lo aqui!
Abraço!
Eu gostei bastante.
Socorro… preciso de um pouco mais de tempo.
bju grande flor.
Que bom, Elaine, fico feliz que tenha gostado.
Menina, eu não estou dando conta do pouco tempo pra tudo. Já me acostumei a estar em falta com tudo e com todos. É ruim e contra a minha natureza, mas realmente não consigo equilibrar tudo :/
Também eu – como todas nós – deixei dedicatórias em cadernos de amigas!
Sendo de Pessoa vira preciosidade!
beijo
Eu mesma não tive um caderno desses, mas deixei dedicatórias em cadernos de amigas… queria ter encontrado num alfarrábio um caderno com autógrafo do Pessoa! 🙂
Boa noite, Jussara, que linda recordação, fiz 2 cadernos estavam cheios de mensagens de amigos, que acabaram me levando, não eram Fernando Pessoa, mas amigos com muita facilidade para se expressar e eu tinha muito carinho por eles.
Época de muitos sonhos e esperanças, hoje me pergunto, será que conseguiram realizar?
Que saudade gostosa me deu seu post, excelente domingo, abraços carinhosos
Maria Teresa
Verdade, Maria Teresa… na época em que registrávamos esses pensamentos e mensagens éramos tão cheios de sonhos! A vida dispersa tantos deles! Mas realiza outros… seria preciso acompanhar a vida desses amigos todos…
Abraço!
Curioso, no mínimo.
Grato, Jussara, pela partilha.
Um beijinho 🙂
Bom dia, colega Jussara!
Que lindo poema, palavras repletas de sentimentos.
Eu tive cadernos de perguntas, de receitas, de imagens que considerava especiais, de músicas. Infelizmente, não guardei nenhum pra folhear mas estão bem guardadinhos em minha memória. 😉
Ei, moça!
Postei uma reciclagem bem graciosa em "GAM Dolls (2)". Passe por lá pra espiar!
Ficarei feliz com sua visitinha e comentário, sempre tão gentis.
Tenha uma linda nova semana.
Abração pra você! 🙂
Eu não sou de guardar muita coisa, mas cadernos de pensamentos, receitas, colagens, desenhos… ahhh… esses são especiais… rs
Logo apareço por lá!
que legal eu tambem tive esses caderninhos rrsrsrs
Acho que marcaram gerações, Dinha!
🙂
Muito legal, tínhamos que voltar ao tempo e deixar mensagens inspiradoras para as pessoas queridas.
Bjos
Eu sempre escrevi bem, Anajá, mas por isso mesmo me sentia meio mal na hora de escrever nesses cadernos… eu me sentia na obrigação de escrever bonito, daí nunca escrevia bem o bastante, rs.
Abraço!
Eu tive muitos desses caderninhos, que se foram perdendo com os anos e as mudanças de casa e país.
Que história incrível, né? Grata pela partilha
Ruthia d'O Berço do Mundo
Quem se muda muito de casa e país não pode ter muitos apegos, né, Ruthia?
Mas a história é mesmo muito interessante! Eu amei!
A amizade nos faz ver o mundo com olhos novos.
Feliz dia do amigo!!!!!
Beijos Marie.
Verdade, Marie,
abraço!
Também tinha um caderno onde escrevia pensamentos e poemas que encontrava e gostava.
Muito interessante este poema de Fernando Pessoa.
Beijinhos
Maria
Acho que esses cadernos realmente marcaram gerações, Maria.
Abraço!
Oi, Jussara!
Eu amava cadernos de recordações. Era uma marca da gente que ali ficava gravada. Eu me deliciava ao escolher umas das muitas páginas brancas para ali escrever algo. Nossa, deu saudades desse tempo…
E que raro… um poema de Pessoa num caderno de pensamentos. Que achado preciso! Fernando Pessoa é tudo de bom. Também adoro, Ju!
Tenha um dia lindo!
Beijo
Você escreve tão bem, Ilaine! Estou certa de que suas colegas deviam brigar para ter uma recordação sua! 🙂
Oi, Jussara, como vai?
Olha, caderno de poesia eu não me lembro, mas me lembro de decorar poesias e declamá-las na frente de todo mundo. Tímida, odiava, mas hoje ainda me lembro de algumas. Olavo Bilac, Castro Alves e alguns outros.
Beijos, ótima semana!
Saudade, Claríssima! Também cheguei a declamar em frente a todo mundo, rs
Nunca tive desses cadernos, mas já escrevi em vários deles. Achava interessante responder aquele tanto de perguntas e deixar uma mensagem. Muito bom seu post, não sabia desse poema inédito de Fernando Pessoa, interessante!
Somos duas, Cícera. Também não tive desses cadernos, mas escrevi em vááááriossss, rs
Abraço!