CLARICE GANHA ESTÁTUA NO RIO

O bairro do Leme, na zona sul carioca, no qual a escritora Clarice Lispector viveu por 12 anos, inaugurou no último dia 15 uma estátua da escritora e de seu cão, Ulisses.

A ideia de homenagear Clarice partiu de Teresa Monteiro, professora de Literatura e biógrafa da escritora. Junto de Beth Goulart, que representou Clarice no teatro e apoiou o projeto, Teresa criou um abaixo-assinado para que a estátua fosse erguida.

“Foi um conjunto de forças”, portanto, segundo a própria idealizadora do projeto, o que levou à concretização da obra. O escultor Edgar Duvivier, inclusive, produziu 40 miniaturas de Clarice com o cachorro que, vendidas para admiradores da escritora, serviram para financiar a obra final, no Leme.

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Fernando Frazão – Agência do Brasil

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A escritora é uma das mais citadas como autora de frases que circulam na internet, muito embora grande parte dessas citações nunca tenha sido sequer pensada por Clarice, tão superficiais e clichês que são.

O mergulho nas profundezas do ser foi a grande fascinação da escritura clariceana que, nesse sentido, se constrói em torno da tentativa de ultrapassar a evidência concreta da realidade dos seres a fim de atingir o âmago onde se ocultaria a verdade das coisas, de cada um, da própria vida.

De personalidade introvertida, Clarice preferia viver longe do convívio social, razão para que muitos a considerassem excêntrica. A fama que lhe veio de forma avassaladora, em virtude da novidade de sua escrita introspectiva na literatura nacional, levou-a a isolar-se voluntariamente em um apartamento no Leme, onde viveu até sua morte, em 1977, em companhia de uma governanta, uma auxiliar doméstica e de seu cão, Ulisses.

Nascida na Ucrânia em 1920 (embora em seus registros biográficos conste, erroneamente, o ano de 1925), Clarice estava com 2 meses de idade quando seus pais emigraram para o Brasil; passou sua infância no Recife-PE e aos 12 anos se mudou com a família para o Rio de Janeiro, pano de fundo de suas obras.

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Fernando Frazão – Agência do Brasil

 

No Rio, em dezembro de 2015, fiz questão de visitar o Jardim Botânico, tão citado – e frequentado – por Clarice. Há ali uma pequena aleia, que recebeu o nome da escritora, e os bancos que ali se encontram têm gravados trechos de sua lavra. Neste em que apareço, na imagem, a frase é a seguinte: “Sentada ali num banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada deixando o mundo ser”:

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Foto: Flávia Espinelli
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Na próxima ida ao Rio, o Leme será parada obrigatória.
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Beijo&Carinho,
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Respostas de 30

  1. Sou um profundo apreciador da obra de Clarice, e adorei saber desta justa homenagem, assim como Caio Fernando Abreu, seus textos inundam a internet, o que eu acho ótimo, não fossem os textos falsos, enfim…amei a homenagem, amei teu post e a foto no banco…
    ps. Carinho respeito e abraço.

  2. Oi Jussara, é a Vi, muito legal a população se movimentar para homenagear pessoas que fizeram coisas positivas pela nação.
    Nem imaginava que ela não havia nascido no Brasil.
    Sua foto no banco ficou show.
    Muitos beijos,vi

  3. Oi Jussara, muito linda sua apresentação da homenagem com uma verdadeira aula de Clarice que tanto amamos e nos inspira.Tinha lido sobre esta decisão e ficou num lugar bom e creia que será respeitada pelos vândalos. Concordo na parada obrigatória na próxima ida ao Rio.
    Grato pela partilha.
    Meu abraço e boa semana para voce neste frio que baixou em Minas.
    Bjs de paz amiga.

    1. Ô, Toninho, e como baixou frio por aqui, viu!?
      Obrigada, meu amigo!
      Também achei que o lugar escolhido foi muito bom e estou na torcida para queos vândalos sejam tragados da face da terra!
      Abraço!

  4. Sentar-se num banco de jardim e deixar o mundo ser, acontecer, é lindo até à comoção. Essa Clarice merecia mais do que uma estátua.
    Lindas as fotos, raramente a vemos por aqui.
    Beijinho
    Ruthia d'O Berço do Mundo

  5. Olá, Jussara.
    Bonita homenagem, cria uma proximidade com a população em geral, talvez despertando interesses, na juventude que aflora, pela literatura, no travar de perto com uma dama da Literatura de Língua Portuguesa, não é? Pelo menos, fica a esperança 😉
    O Horto Florestal a que se refere é o novo nome do Jardim Botânico? Porque conheço a paixão que Clarice tinha pelo Jardim Botânico…
    Passava tardes, desde menina, ali, naquele espaço. Era no Jardim e na Quinta da Boavista – talvez por isso tenha tanta necessidade do verde, ainda que passados tantos anos 😉
    *Em relação à sua dúvida: a música "Smile" é cantada por Michael Jackson – é incrível como as músicas mudam de tom, dependendo da voz que as canta 😉

    bj amg e bom fds

    1. Nossa, Carmem… se você não chama minha atenção ficaria errado lá no post. É o Jardim Botânico, sim! Que mania a minha de chama-lo de Horto :/
      Obrigada por me informar o cantor.
      Abraço!

  6. Bela Homenagem!
    Jussara, Deixa eu te contar… Minha sobrinha recebeu a revisão do livro dela que tá quase pronto. Pra que? Quando ela viu os desenhos que ela fez a 2 anos atrás, pirou… "papai vou refazer esses desenhos ridículos, agora, ou então vc tira meu nome desse livro". kkkkkkkkkk ela agora aprendeu a desenhar tipo mangás. Meu irmão tá frito. Kkkk

    1. kkkk. Pior é que é assim mesmo. Com o que a gente escreve também. Passado um tempo achamos que é tudo bobagem. O escrito deixa de ser a nossa pele.
      Abração!

    1. Muito! Este país está a me desgostar de tal forma, que só mesmo uma coisa assim para me fazer acreditar que ainda pode valer a pena viver aqui…
      Abraço!

  7. Jussara, bela texto sobre os lugares de Clarice no Rio! Criei o passeio O Rio de Clarice em 2008 e desde então passeamos pelo Jardim Botânico, Leme, Centro, Cosme Velho etc. A criação do “Espaço Clarice Lispector” foi um pedido do passeio. O Rio de Clarice quer divulgar o legado de Clarice e também estimular as pessoas a exercerem sua cidadania, cuidar da cidade. O desejo pela estátua começou em 2012, iniciativa de O Rio de Clarice com apoio do La Fiorentina de Omar Peres – encaminhamos ao prefeito uma solicitação mas não foi adiante., mas só conseguimos concretizar em 2016 com a parceria dos leitores de Clarice, do escultor Edgar Duvivier (vendeu 40 maquetes da estátua para custear os monumentos) e dos idealizadores da homenagem: nós mais Beth Goulart, Mariana Muller e Niura Antunes. Em nossa página no facebook todos podem acompanhar nossa agenda e participar do passeio O Rio de Clarice.

    1. Que bom receber sua visita e comentário, Teresa. Obrigada por compartilhar informações sobre o passeio “O Rio de Clarice”. Estou certa de que encontrará aqui, entre os meus leitores, candidatos a passear também. Abraço!

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