Para o Sylvio, que sugeriu este post
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Nunca me imaginei cronista. Quando menina, eu tinha uma facilidade imensa de criar enredos e acreditava piamente que um dia seria uma romancista. Descobri depois a poesia, a crítica literária… e os romances esboçados acabaram na gaveta. No tempo de colégio eu amava os contos (ainda amo) e detestava com força as crônicas, nas quais percebia mais linguagem cotidiana e jornalística que conotações literárias. As crônicas constituem hoje, entretanto, a maior parte do que escrevo, ao passo que contos, com exceção de um ou outro em tamanho mini, como os que publiquei aqui e aqui… nunca cheguei a escrever.
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Ilia Galkin (1860-1915) – “Leitura”
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Há certa confusão entre as características de um gênero e outro e na tentativa de delimitá-las e esclarecê-las é que nasceu este texto.
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Gustav Max Stevens (1871-1946) – “Prazeres silenciosos” (1896)
A crônica, como percebi na adolescência, oscila entre a literatura e o jornalismo e apresenta a visão particular e subjetiva que o escritor tem diante de uma notícia ou de uma situação do cotidiano. Trata-se de um texto curto, escrito em linguagem pouco elaborada e bastante acessível, próxima do linguajar comum. Para criá-la, o cronista executa um recorte no espaço e no tempo, isolando o fragmento sobre o qual lhe convém falar – com humor, poeticidade ou com ironia – sempre com sensibilidade e quase nunca sem leveza, ainda que aborde assuntos sérios ou opte pela crítica.
Partindo, portanto, de um fato isolado e focalizando apenas um ou alguns poucos personagens, ou nenhum, a crônica proporciona ao leitor uma reflexão ao mesmo tempo leve e profunda, que vai além do fato em si, abrangendo muitas vezes aspectos significativos da vida sobre os quais a correria diária não permite suficiente vagar.
George Cochran Lambdin (1830-1896) – “Garota lendo”
O conto, por outro lado, possui um tempo característico, mais amplo que o da crônica, no qual a personagem se oferece aos olhos do leitor para que este observe sua personalidade e a analise em meio ao conflito dramático que vivencia. O desfecho, que resolve o conflito, é uma característica do conto que o distingue da crônica, na qual geralmente não acontece esse arremate, ficando o fato analisado para ser concluído pela reflexão do leitor a partir das insinuações do cronista.
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Guy Rose (1867-1925) – “Marguerite lendo”
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Menor que o romance, o conto narra também uma história, embora se concentre em apenas uma célula dramática: um só conflito que se desenrola com poucas personagens em unidades também restritas de ação, tempo e lugar. A linguagem é elaborada, cuidada, literária e o enredo não parte necessariamente de uma observação daquilo que circunda o escritor, como na crônica, mas pode ser (e normalmente é) criação do artista, invenção, ficção, portanto.
Os contos são normalmente narrativas curtas, muito embora existam alguns enormes. Assim, quando me refiro ao fato de o conto ser menor que o romance, não é meramente a uma questão de quantidade de páginas a que aludo, mas, sim, à opção por um número menor de personagens e pela unicidade dramática acima referida.
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Herman Jean Joseph Richir (1866-1943) – “Jovem mulher lendo”
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Uma cena isolada captada pelo cronista – um flash – pode levá-lo a tecer, por exemplo, reflexões sobre a vida, a miséria ou a injustiça. Um contista, por sua vez, ao contemplar a mesma cena, irá transformá-la em um cenário onde uma personagem vive – utilizando o mesmo exemplo – uma pequena história (com começo, meio e fim) de injustiça e/ou miséria.
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George Sencer Watson (1869-1934) – “Betty McCann” (1927)
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Beijo&Carinho,
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Respostas de 31
Uma bela aula por aqui. Aprendemos contigo! beijos,lindo fds!chica
Bom Dia.
Uma vez meu filho mais velho ouviu de um professor… isso não é uma redação isso é uma crônica, se vc quer mesmo fazer Fuvest vai ter que mudar. e deu certo.
Se vc conhecesse meus filhos vc iria adorar conversar com eles… o mais velho apesar de fazer Física ele tem paixão por História, literatura então…
o menor faz Unifesp Farmácia e também curte muito literatura. Eles tem um bom papo.
bjus e um ótimo final de semana pra vc.
senti saudade e passei aqui,beijo
Oi Jussara.
Agradeço a consideração pela postagem.
Agora não tem como ficar nenhum tipo de dúvida.
Vou repassar o link para alguns amigos, que aproveitarão as definições e orientações que você fez de forma tão simples e eficiente.
Abraço.
Boa tarde amiga Jussara.
E como escreves bem amiga. Adorei! arrasou no post amada. Hoje venho te convidar para a nossa festa de comemoração. E ela está acontecendo porque você sempre se fez presente no meu espaço levando o seu imenso carinho. Deixo meu sincero agradecimento e te espero para mais esta singela celebração.
Beijos com meu eterno carinho
Da amiga de sempre
Gracita
Mais uma aula da Jussara – simples, clara, eficiente. Com certeza vou aproveitar muito. Obrigado. E ainda li o continho da Branca de Neve com o anão.
Abraço e um bom fim de semana.
Aula deliciosa! Gosto muito de aprender ou recordar aprendizados esquecidos/adormecidos com você. Obrigada! Belas ilustrações! Adorei o conto!
Um abraço!
Egléa
Jussara, querida
Adorei seu post. Como voce escreve e explica tudo muito bem.
Mais vou ser sincera, algumas coisas entendi, mais no fim deu um nó, na minha cabeça.
Acho que fiz alguma confusão, mais um dia eu melhoro.
beijo carinhoso e ótimo domingo.
Regina Célia
Jussara, gosto muito de crónicas, ainda que textos paraliterários.
Se bem escritas, cativam-me, em completa sedução.
Consumo-as avidamente, leitora atenta de semanários.
Beijo
Com saudade venho desejar um Domingo na paz de Jesus.
Um encontro de carinho para desejar um lindo Dia,
Beijos no coração carinhosamente ,Evanir.
Adorei Jussara
Obrigada por esta grande aula: a diferença entre contos e crônicas.Sempre bem escritos e com lindas imagens. Foi bem merecido o prêmio pelo mini-conto da Branca de Neve.Parabéns.
Eis uma tentativa de tanka baseado no seu conto.
Branca de Neve
encantada com o anão
preteriu o Príncipe
Com ele fugiu
ao ouvir lindos versos
Seu conto também pode se enquadrar num haibun: pequenino conto, história ou crônica encerrado com um haicai ou mais.
Lindos dias para você.
Obrigada pelas suas explicações técnicas, pois sou leiga no assunto e não sei diferenciar conto, poesia, crônica..Abraços.Sandra
Amo seus posts cheios de conhecimento. Gosto imensamente de crônicas. Fernando Sabino, Drummond, Rubem Braga, Carlos Heitor Cony e Luís Fernando Veríssimo são meus escritores prediletos.
Beijos, Jussara. Tenha uma ótima semana e fique com Deus sempre, amiga.
Passando para te desejar uma ótima segunda!!
Abraços.Sandra
Vivendo e aprendendo. Nunca soube diferenciar uma crônica de um conto. Agora aprendi. Obrigada por nos ensinar.
Ótima semana pra você e sua família.
Jussara eu não entendo muito vou aprendendo por aqui e por isso quando venho tenho que estar atentar, para consumir um pouco, confesso que de crônicas eu so tenho um livro que nunca acabei de ler, mas adoro ver as cr^nicas jornalisticas, principalmente as que falam de políticos tipo no jornal da globo.
bjs
Gélia
Sou muito crua no assunto, mas sinto uma enorme simpatia por crônicas, acho que até podia notar suas características, mas tenho mesmo vontade de poder me arriscar em escreve-las. Quem sabe.
grata
Meire Brentan
Jussara,
a sua postagem além de esclarecedora ficou poeticamente ilustrada.
Estou terminando de ler um livro de crônicas escrito por uma amiga blogueira.
Uma semana bem feliz para você! 🙂
Abraços,
Carol
Um blog simples
Facebook
Sabe que eu tinha uma vaga ideia sobre cada um, mas aqui e agora aprendi definitivamente. Obrigada, sempre!
Bjns, e uma linda semana!!
🙂
Amei ler e conhecer mais sobre o universo das letras; universo infinito, cheio de novas estrelas! abração
Oi Jussara,
Post aula, falei sobre isso em uma postagem da Pepa, ou da Vi rs
Visita ao seu blog é aprendizado na certa.
Já contei lá no blog, que li em um livro (e muitas pessoas falam isso também) , que devemos aprender uma coisa nova – no mínimo – por dia, nem que seja abrindo um dicionário, se ao deitarmos não tivermos aprendido nada durante o dia.
Acho melhor passarmos por aqui 🙂
Estou melhor, obrigada!
Começou com 'cara' de gripe, mas acho que foi uma mistura com alergia.
Fiz algumas misturas de tintas e outras coisas por aqui e não foi uma experiência muito bem sucedida rs
Fiquei toda empolada depois!rs
bjs,ótima semana!
Perfeito, Jussara…
Demorei tanto pra saber disso! Antes eu achava que escrevia crônicas, mas na verdade escrevo contos. Um cenário, um episódio, começo, meio e fim. Adoro!
Uma ótima semana!
Beijos
Oi Jussara,
Adorei saber as diferença, pois não sabia! Sou apenas leitora, não conhecedora.
Tenha uma ótima terça-feira!
Bjs
GOSTO DISTO!
Oi, Juju! tudo bem, querida?
Espero que sim. Gostei muito deste post, embora já soubesse as diferenças
existentes entre os gêneros. As ilustrações também são ótimas; é incrível a quantidade de quadros sobre o tema "leitura", né? rsrs. Outra coisa que acho
interessante é que independentemente do gênero, ou do tamanho da obra,
qualquer uma pode ser uma obra prima, não é verdade?
Um beijo!
Oii Jussara, adorei saber das diferenças entre conto e cronica, sinceramente me perco muito entre um e outro assim como me perco com poema e poesia rsr que vergonha! Amiga voltei ao blog depois de uma pausinha e trouxe um sorteio! Bjooooss
Oi Jussara!
Obrigada pelo carinho deixado no meu cantinho, amei tua presença por lá!
Muito esclarecedor teu post, e lindamente ilustrado, parabéns e obrigada!
♥ O/♥
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Beijos, boa noite e um abençoado amanhecer!
Oi Jussara passar por aqui é sempre uma nova descoberta. Sua analise sobre a diferença entre crônica, conto e livro ficaram bem claros para mim. Desde menina gosto muito de ler e escrever, mas percebo que a intenção é maior que a capacidade de expressão e de organização daquilo que gostaria criar. O aprendizado é longo e lento. Ter alguém tão sensível e didática como você é uma dádiva nessa louça blogosfera .
Parabéns e obrigada por compartilhar tantas pérolas.
Yvone
Muito legal! Eu nunca sei a diferença, mas acho que agora aprendi! rs
beijos!
ps: tá rolando sorteio no meu blog e te convido a participar!
http://misssainha.com/
Passando para te desejar um ótimo sábado!!
Abraços.Sandra
Oi Jussara, é a Vi, agora já sei a diferença de cronica para o conto, eu quando criança, lia muitos contos em um livro de português antigo e sempre tinha a moral da historia..
Teve um que ficou gravado, era o fio da teia da aranha, não sei se você conhece, mas ensinava que precisamos aprender a dividir, não sermos avarentos.
Muitos beijos,Vi
Ju, adoro esta polêmica! Vou me arriscar a explicar o flash que resulta em um ou outro gênero. Posso?
A crônica nasce de um momento singular capturado, às vezes acidentalmente, pela lente de um fotógrafo. O momento estático na imagem ganha vida através da narração do cronista.
Já o conto, embora também capte um momento singular, se fosse uma fotografia extrapolaria a moldura adentrando na vida e nos pensamentos das personagens.
O importante é que o leitor que se agrada desses textos não está preocupado em distingui-los e sim saboreá-los. Concorda?
Bjos