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A chuvarada dos últimos dias me fez lembrar de um poeminha que escrevi há muitos anos, no Natal. Chovia intermitentemente e eu torcia para que a chuva perdurasse a fim de aplacar o calor. Estava a ler a minha Obra Poética, do Fernando Pessoa – que por essa época eu carregava para onde ia como se fosse uma Bíblia – e encontrei um poema em que o poeta falava da neve na província durante o Natal. Do poema do Pessoa, nasceu o meu.
A chuvarada dos últimos dias me fez lembrar de um poeminha que escrevi há muitos anos, no Natal. Chovia intermitentemente e eu torcia para que a chuva perdurasse a fim de aplacar o calor. Estava a ler a minha Obra Poética, do Fernando Pessoa – que por essa época eu carregava para onde ia como se fosse uma Bíblia – e encontrei um poema em que o poeta falava da neve na província durante o Natal. Do poema do Pessoa, nasceu o meu.
Claro que o título deste post e esta pequena introdução são apenas um grande resumo do que poderia virar um belo estudo comparativo. De um lado o poeta português em sua faceta ortonima (em que assina o próprio nome), influenciado por uma corrente lírica, saudosista, observador, ainda, dos metros tradicionais como a redondilha, bem distinto de seu heteronimo Álvaro de Campos que inaugurará com angústia, revolta e versos livres a poesia modernista em Portugal. Apesar disso, já revela, nesses versos natalinos, o desajuste em relação ao mundo que irá marcar a obra de Campos. Do outro lado a mineira Jussara a escrever sem métrica e sem rima, imbuída mais do sentido do Natal do que daquilo que a rodeia. Fernando Pessoa fala da família e dos “lares aconchegados” apesar da neve e do fato de ele mesmo não possuir o que admira. Eu falo da chuva e de mim mesma a revelar minha formação cristã. No poema de Pessoa o Natal aparece apenas como uma data para se estar reunido com a família – o que faz sofrer o eu-lírico, que não a possui. No meu poema o Natal é a lembrança do nascimento do Filho de Deus com o objetivo de mais tarde morrer no lugar dos pecadores e, assim, garantir-lhes livre acesso a Deus.
O poema de Fernando Pessoa apareceu publicado no jornal lisboeta Diário de Notícias de 30.12.1928, o que sugere que tenha sido escrito no Natal de 1928. O meu foi escrito no Natal de 1988 e creio que chegou a ser publicado na Folha Machadense, jornal de minha cidade, mas não guardei a edição. Entre a criação de um e de outro, nada menos que sessenta anos e todo um oceano.
Obviamente, mais detalhes poderiam ser observados – e o leitor que desejar fazê-lo pode usar, sem cerimonias, o espaço para comentários – mas quero mesmo é compartilhar os poemas.
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O DE PESSOA:
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NATAL… NA PROVÍNCIA NEVA
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Neve na Serra da Estrela
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O MEU:
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NATAL… CHOVE EM MINAS
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Google Imagens – Serra da Mantiqueira
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Beijo&Carinho,
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Crédito da imagem em destaque, aqui.
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Respostas de 23
Olá Jussara, fico um pouco insegura para comentar com propriedade os dois lindos poemas, pois não entendo muito dessa área, apenas sei apreciar. Mas meu querido pai, que como vcs tbem era poeta, saberia deixar algum comentário com essência poética ao ler, comparar e apreciar as duas lindas obras. Qto a mim, apenas posso dizer que achei lindo, tanto o dele quanto o seu, bjs.
Oi, Anita! Seu comentário me deixa feliz por três motivos:
1º)Vc está aqui de novo;
2º)Seu pai era poeta! Coisa linda que deve ser ter um pai poeta!
3º)Vc diz ter achado lindos os dois poemas, tanto o do Pessoa quanto o meu – noooosssaaaaa – isto é um enorme elogio, menina! Estou para lá de contente!
Linda semana para vc!
Abração!
Eu gostei muito desse seu poema Jussara, e gostei também da imagem q escolheu para ilustrá-lo.
Um grande abraço, e uma ótima semana pra você.
Olá, Regina, bom dia!
Que bom que gostou o poema! Como disse, havia me esquecido dele – era um poema de gaveta – tadinho!
Sobre a imagem… sim… chuva chegando na serra é das coisas lindas de ser ver! Aqui onde moro, sabemos até de que canto da montanha vem a chuva. Se escurece num determinado canto, sinal que vai para outra cidade… mas se arma no local infalível… é que vem mesmo chuva pra Machado… rs
Grande abraço, obrigada pela visita, semana linda pra vc!
Bom dia, Jussa! Acredito que no poema de Pessoa, ele mata qualquer esperança de ter esperança, enquanto que no seu (em tão tenra idade) a esperança tem o direito de ter esperança à luz do nascimento de Cristo.
Parabéns. Beijão.
Olá Jusara: sinto-me gratificada nos meus tantos anos, podendo acessar seu blog, 'curtir' suas publicações (atuais ou antigas) e poder dizer-lhe: Lindo, Jussara! Sensação de sentir a chuva vindo ou caindo e… o Natal – que tem um quê de nostalgia, você não acha? – chegando. Como já lhe disse: você escreve gostoso de se ler… Quero ter oportunidade de ler-sentir muita coisa sua, mesmo que nem sempre eu 'navegue' pela Internet. Deus a abençoe sempre! Saudade de Machado, do CIC, de vocês, ex-alunoas/os e orgulho de estar aqui desfrutando de sua inspiração e perícia em traduzir, escrevendo, os sentimentos mais ternos do coração, da imaginação. Com carinho de "sóror" Pilar.
Bela poesia, Jussara!
Que as frias montanhas de Covilhã ou os belos montes de Machado, te inspirem ainda mais…
Beijo!
Hola, Jussata,obrigada pelo carinho.Não sei o que acontece que as vezes não conseguem comentar no blog, coisas de net mesmo.Fico muito feliz com seus e-mails.Olha, gosto de Fernando Pessoa,mas como sou mineira, o Natal com chuva me soa melhor, mais poético e por saudosismo…Linda imagem,Minas é um estado… de espírito.Saí de Minas, mas Minas não sai de mim,o "trem" passeia aqui todos os dias…rsrs…Besitos
Olá Jussara…
Amo poema e principalmente admiro os que escrevem, de uma sensibilidade imensurável!
Amei…
Estou passando rapidinho, dei uma atualizada no meu cantinho, minha bebe tá dodoi =/ e meu tempo está curtinho!
Beijoos,
depois venho com mais calma!
pequena-prendiz.blogspot.com
Entre a névoa da província e a chuva de Minas, Neves e Pessoa misturam-se em seres e tempos perdidos no espaço!
Abraço,
Marlon Nunes
Sidnei, se vc já não fosse um amigo querido, viraria neste momento! Comentário lindo, perfeito! Qualquer coisa mais que eu disser vai perturbar o reflexo dele em mim. Deixou-me muito feliz. Obrigada!
Obrigada, Theo. Tô super feliz de receber vc aqui.
Gde abraço!
“Sor” Pilar,
Não sabe o quanto seu comentário me alegra ao deixar transparecer, sob as palavras, o carinho com que foram escritas. Eu festejo esse carinho, essa alegria! E silencio. Comentário perfeito demais para que eu precise dizer mais alguma coisa. Apenas uma mais: Obrigada! E mais duas: Saudade e carinho!
Oi, Luiz Carlos, que bom tê-lo aqui e saber que gostou do meu poema! Ainda não consegui escrever muita coisa depois de meu retorno ao Brasil. É como se Portugal ainda estivesse muito próximo dos meus sentidos para que eu consiga traduzi-lo em poesia…
E vc, continua a poetar? Conte-me!
Abraço!
Mi, obrigada pela visita, pelo comentário: amei vc dizer que o “trem” mineiro passeia por aí todos os dias… rs… Minas tem dessas coisas…
Abraços!
Jussara
Lorena,
Quem ama poesia – o que é coisa rara, pois poesia exige uma certa “iniciação” que na maior parte das vezes é mal feita (o que explica que no Brasil se vendam muitos livros de prosa e autoajuda, mas poucos de poesia) – são todos irmãos de uma mesma tribo.
Bem-vinda à tribo, irmã! rsrs
Vou dar uma olhada na sua atualização, mas desde já desejo melhoras para a sua bebê…
Com carinho
O que posso dizer?
Simplesmente, lindo !
mirellaconsuelo@hotmail.com
Obrigada, Mirella, pelo elogio, pela visita, pela amizade… Volte sempreeeee…
Abraço e saudade!
Grande sacada, Marlon! Estou aqui a bater palmas, sozinha, feito louca! rsrs. Adorei o comentário! Eu não disse que vc é bom? 😉
Jussara,
Gostei de seu poema. O que dizer dele senão: belo belo belo, mais belo que…
Na verdade, o mais belo é ver que aquele Natal continua a chover em você, continua a impregná-la daquilo que é por demais precioso: a poesia urgente.
Um abraço,
Roberto
P.S.: Foi qualquer coisa além da beleza colocar a imagem da Mantiqueira em seus dias de chumbo tardio.
Obrigada, Roberto, pela visita e pelo comentário tão poético!
Abraço!