SOBRE A TAL “EDIÇÃO DE AUTOR”

 

Sobre a tal “edição de autor”, referida no post anterior, trago alguns comentários de leitores do Minas de mim:

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Do poeta Abel Faleiro:
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A linguagem de Jussara é inovadora quanto à mensagem e a forma, mas seus sons harmoniosos e sofridos, vizinhos da nostalgia cancioneira, revelam todo seu intimismo, como comprovam estes versos que vale a pena transcrever:
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Tenho sofrido muito
Para quem é do signo do dragão,
me diz o horóscopo chinês.
Para quem nasceu sob o sol
minhas manhas de lua não se explicam…
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Abel Faleiro – Comendador e Poeta
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Do escritor Clêuton Gonçalves:
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Li seus versos, não li seu nome. Li seus versos, tentei adivinhar seu nome. Com absoluta certeza, ela ou ele, era medieval. Nuno Fernandes, Paio Soares ou Pero de Sevilha? Ledo engano. Rodrigues Lobo ou o lírico Gregório de Matos? Abri picada por entre uma floresta de versos, flores, folhas, zumbidos e suspiros de amante. Não havia dúvida, ela ou ele era romântico. O intimista Álvares de Azevedo ou o sonhador Casimiro de Abreu? E quando o ouro brilhou em meus olhos entre histórias, casarões e gritos de liberdade, percebi novamente que havia errado. Meu poeta era árcade. É Gonzaga? É Alvarenga? Não, é Bárbara Heliodora! O turbilhão de versos me fez mudar outra vez de ideia. Saltei lá, saltei cá. Pensei ser Camões, decidi ser Pessoa. Mas a mineirice de espada em punho entre a tradição e a modernidade desviou-me novamente do caminho e me fez proclamar resoluto que seu nome era Drummond.
De repente, quando já a chave do segredo em minhas mãos se encontrava, pulverizou-se a certeza que eu carregava. As dezenas, centenas de versos que se sucediam, entre o medo, a incerteza, o barco de papel e as estrelas, o sonho que naufragou e a vida que ressurgia, o amor que se chorava e a paixão que renascia, a matéria que morria e o espírito que vivificava, enxerguei claro: Eu estava diante de Cecília. Cecília Meireles não morrera. Ela estava diante de mim. Seus olhos brilhavam muito. Sua face era jovem, seus movimentos graciosos. Em tudo havia um misto de sensualidade e de pureza, de paixão e de ternura, de angústia e de esperança, de sonhos e de certezas. Sim, era ela, Cecília inteira, plena e de roupagem nova. Até que, como um sonho de que se acorda, alguém me apresenta a capa do livro que eu lera: Minas de mim. E embaixo o nome dela: Jussara Neves. Não era Rodrigues Lobo, não era Gregório de Matos, não era Azevedo, não era Casimiro de Abreu, não era Tomás Gonzaga, não era Heliodora. Não era Camões, não era Fernando Pessoa. Não era Drummond, não era Cecília. Era Jussara. Ou melhor, analisando bem, não era nenhum e eram todos. Ela conseguira em Minas de mim ser Cecília, a Cecília Meireles em roupagem nova, ser Drummond, ser Camões, ser Pessoa e ser todos que imaginei ser em seu livro, sem deixar de ser Jussara, com a sua individualidade, com o seu estilo, concretizando o que diz Buffon: Lê stille c’est l’homme memeO estilo é o próprio homem. Minas de mim consegue ser todas as escolas, consegue ser tantos monstros de nossa literatura e ser ao mesmo tempo, inteira, plena, você, Jussara, filha de Juvenal Rezende e de Dona Nara Neves, mãe de Gabriel e de Ângela e, acima de tudo, a querida e competente professora de Literatura da nossa Faculdade de Letras.
Jussara é corpo e alma em seus versos. Tem por eles uma sensualidade capaz de desnudar-se em seu gênero. Sua sensualidade é carne, é espírito, é cósmica:
Jussara, sua fascinação pelas estrelas – como a de um besouro pela luz, que busca a lâmpada, bate, se debate, queima as asas e cai, morto talvez, mas que tocou a luz – com certeza fará de você uma nova estrela na constelação da arte poética do Brasil. As suas qualidades são tantas e me impressionaram tanto que não exagero ao dizer que é histórica esta noite do lançamento do primeiro livro da poeta (como é bom e forte dizer poeta ao invés do frágil poetisa), da grande poeta que o Brasil em breve estará saudando e que muitos conhecerão apenas pelos livros e poucos pela sua imagem, como nós temos a honra de a conhecer.
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Clêuton Pereira Gonçalves – Escritor
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Da Flávia, Profa. De língua Portuguesa:
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Quando me encontrei pelas primeiras vezes na Faculdade com a professora Jussara, tive a impressão de que nela, como no poeta, “tudo o que sente está pensando”. É como se ela vivesse a dizer: “Tudo o que em mim respira é poesia”. É exatamente assim que a vejo: as poesias fluem dela, do seu modo gostoso de falar e de sorrir, do seu modo pensativo de caminhar, do seu modo apaixonante e leve de dividir conosco os seus saberes, os seus viveres, as suas emoções.
Hoje, quando me deparo com Minas de mim, enxergo nestas páginas mais do que poesia: enxergo a sintonia perfeita entre criatura e criador; sinto o poder da determinação, sinto a felicidade da realização, sinto a força do poder divino, sem o qual, tenho certeza, não estaríamos compartilhando de suas “Minas”.
Graças a você, Jussara, nós, seus alunos, seremos capazes de enxergar em suas “Minas” tudo aquilo que você nos ensinou. Graças a você seremos capazes de reconhecer nelas um pouco da força impressionante de Pessoa e uma dose da determinação de Cecília Meireles quando afirmava: “Eu canto porque o instante existe”. Graças aos seus ensinamentos conseguiremos ver em Minas de mim um pouco de Florbela, ousada, surpreendente e, ao mesmo tempo, um pouco da sobriedade extrema de Drummond.
Tenho certeza de que se Pessoa ainda existisse também ele ficaria encantado com suas “Minas”, que são tantas, e se impressionaria muito com a beleza dos seus versos, principalmente com sua “Ode moderna”. Imagino que depois de lê-la e sentir nela toda sua emoção, seria ele a dizer a você: “Vem sentar-te comigo, Jussara, à beira do rio”.
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Flávia Ferreira Pereira
Ex-aluna, Profa. de Língua Portuguesa e Literatura
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Do poeta Hugo Pontes:

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Este é o primeiro livro solo da autora que, ao longo dos anos, tem feito exercícios poéticos e, somente depois de muita certeza e olhos críticos, resolveu publicar seus poemas que falam do cotidiano, dos acontecimentos mais simples; das visões interiores mais puras no contato com seus semelhantes.

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Hugo Pontes – Historiador e Poeta
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Da poetisa Olga Vilela:

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É a nossa voz que constitui o mundo que nos cerca; ela é apenas a tradução do nosso interior. É a nossa voz que coloca no mundo a beleza que queremos que ele tenha. É a nossa voz que constrói o sentido que o mundo tem, seja ele bom ou mau. A sua voz, Jussara, contribui para a formação de um mundo diferente, cheio de sonhos, de belezas, de encantos. Em sua voz se ouve o “Suspiro de todas as coisas”, “De flores e de pássaros”, “Cantiguinhas”, cantadas à noite, para dormir os “Filhos”. Em sua voz se ouve o “Calor” que se tem “Da medida do amor”, que desde uma “Castelã” até a “Gata borralheira” faz “Trânsito” de “Inútil magia” à mais “Plena”. Em sua voz há o “Sinal” “Especular” da “Magia” “Incognoscível” dos “Perdidos dias” que vão “Gota a gota” se fazendo como “Dual” sensação de remir os nossos “Pequenos pecados”. Em sua voz, Jussara, está a voz de Minas de mim, seu eu ou seu Outrona intensificação do eu.

Você, Jussara, e Fernando Pessoa se parecem muito enquanto “fingi-dores”. Qual mulher não se vê, em madura idade, diante de um “Espelho”, desnuda diante de si mesma, cheia de incertezas, frágil diante da beleza que se esvai, a dizer para si mesma, tal qual Cecília: “Em que espelho ficou perdida a minha face?”
Entende agora porque a nossa voz se repete igualmente sempre e o diferente é apenas o tempo?
O filósofo Kant afirma que o belo é da ordem do universal e não se restringe a inclinações pessoais. O belo é aquilo que apraz, joga com o juízo estético. O gosto do belo é uma satisfação desinteressada e livre, pois nenhum interesse nem dos sentidos e nem da razão, obriga à aprovação. Gostar ou achar agradável é pessoal e particular, mas o belo é uma consideração universal.
Hoje, Jussara, você revela poemas há tanto tempo guardados, transformados no livro Minas de mim, o “Belo na Arte”. Quero abraçá-la por isso e por tudo que eu sei que você é. Mulher corajosa, incapaz de um mau juízo, organizada de dar inveja (e eu a tenho), sofredora (?) – Quem não?
Felicidades por essa beleza e por eu poder senti-la junto com você.
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Olga Vilela – Mestre em Letras e Poetisa
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Do poeta Ramiltom Bernardes:
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A poesia de Jussara Neves Rezende, universo rico e fascinante, honrando as letras brasileiras, veio para ilustrar as melhores antologias. Desta poetisa maior há muito para se captar da alma feminina, em inesquecíveis momentos de deleite, razão pela qual sua obra deverá estar disponível nas boas bibliotecas. Além disso, reflete essa poesia letras e luzes por sobre vales verdejantes e cerros azuis, do cenário de nosso dulcíssimo Sul de Minas.
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Ramilton Bernardes Pereira
Procurador Geral da República e Poeta
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Beijo&Carinho,
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MAIS PUBLICAÇÕES

Respostas de 6

  1. Querida Jussara, estou encantada com tudo que senti aqui de seus alunos.
    Parabéns por esse dom poético.
    Acabei de ler o que você escreveu em resposta a Mara, sobre a palavra saudade.
    Eu sinto saudade, eu sinto amor, eu sinto saudade do meu grande amor que vive em minhas doces e mágicas lembranças de um passado inesquecível.
    Grande abraço, Fernanda Maria.

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